A Constituição da República Brasileira é clara e estabelece
em seu artigo 5º, inciso XVI, o direito fundamental de reunião. Fato esse que
torna legal e plausível qualquer tipo de manifestação pacífica em qualquer
parte do território brasileiro, independentemente da pauta ou do momento
político, econômico e social que o país está enfrentando. Pela amplitude e
grandeza dos fatos, as manifestações que vêm acontecendo em todo o Brasil, na
última semana, já podem ser consideradas um marco na história do país.
O que vimos é que as correntes manifestações realizadas, que
tiveram início com o Movimento Passe Livre (MPL) e que tinha como objetivo
principal a redução das tarifas nos transportes urbanos, deflagrou uma onda de
protesto por todo Brasil, que se estendeu por diversas capitais e atingiu até
mesmo a sede do governo federal, no Distrito Federal.
Apesar de obter êxito com a redução das tarifas em algumas
cidades, que era o objetivo primário do movimento, os atos revelaram para toda
sociedade uma série de questões subjacentes que precisam ser levadas em
consideração pelos nossos governantes. Podemos elencar, entre elas, o repúdio
às instituições democráticas e a intolerância com o sistema de representação
partidária, o que podem ser consideradas as reivindicações mais importantes de
todo esse processo.
Além disso, entrou na pauta de discussão ainda a questão da
exigência de investimentos focalizados nas áreas de saúde, educação, segurança,
transporte, entre outros. Outro fato que nos chama a atenção, principalmente de
quem acompanhou de perto os movimentos, é a ausência de bandeiras claramente
definidas e identificação partidária durante as manifestações.
Essa falta de convergência ideológica amplifica interesses
diversos e conflitantes dos atores políticos envolvidos tornando ainda mais
difícil o processamento das demandas oriundas das ruas. Vivemos em um Estado Democrático
de Direito, em que temos que ouvir a voz do povo.
Mas a grande lição que tiramos de toda essa história está
relacionada a uma crescente postura conservadora da juventude na medida em que
a ordem começa a restringir os atos. Tudo isso nos remete, imediatamente, a um
passado de repressão tradicional. Fica, neste caso, um alerta para toda
sociedade
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