O senador Roberto Rocha (PSB) criticou ontem (7), em discurso na tribuna do Senado, a decisão do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de pedir a prisão do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) e do senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
O PGR pediu também a prisão de Romero Jucá (PMDB-RR), mas Rocha não se referiu a ele em sua manifestação.
Para o socialista, não há nos áudios em que figuram Sarney e Renan “nada que possa justificar medida tão drástica”
“Eu, sinceramente, do que eu ouvi, como todo brasileiro, em relação àqueles áudios que envolvem o senador Sarney e o senador Renan, até onde eu ouvi, não vi nada que possa justificar medida tão drástica”, disse.
Ele também elogiou a atuação do Ministério Público e da Polícia Federal na Operação Lava Jato, mas mostrou preocupação “com o crescimento de certa mentalidade punitiva e justiceira” que tem ganhado corpo na sociedade, e no caso da política subverte a ordem jurídica condenando, antes mesmo de um julgamento.
A quem interessa alimentar esse cenário, senão àqueles que pregam saídas autoritárias? Quando permitimos que os valores da política sejam rebaixados, estamos abrindo as portas para soluções messiânicas, para o esgarçamento das relações sociais”, afirmou.
Veja no vídeo acima.
“Não fale nada contra a lava-jato”, aconselha, ironicamente, Marcos Lobo
O advogado Marcos Coutinho Lobo manifestou-se, também ontem, sobre os pedidos de Janot.
Na visão dele, o ex-presidente e os dois senadores estão pagando o preço de ter opiniões.
“Não fale nada contra a lava-jato. Não manifeste sua opinião contra o Ministério Público Federal. Não imagine mudar uma lei, mesmo sendo parlamentar. Não aconselhe ninguém sobre meios de defesa. Não indique advogados a réus. Enfim, cale-se para sempre sobre a Lava Jato ou você poderá ser alvo de pedido de prisão. Também não corra o risco de ser a favor da presunção de inocência. Ah, se os arquivos da ditadura falassem, como dizia Saulo Ramos”, escreveu, nas redes sociais.