Eu acho que as respostas dadas pelo povo se anteciparam às
perguntas. Estamos nos estertores da civilização industrial e no começo de uma
nova, a da comunicação, de um mundo só, da informação em tempo real, em que
tudo e todos podem ao mesmo tempo ter e viver os mesmos sentimentos. Todos nós,
seres humanos, temos nossas demandas pessoais, estamos insatisfeitos com
algumas coisas, desde as pequenas até as grandes, dentre estas, o desejo de
sonhar.
A juventude tem como característica fundamental querer mudar
o mundo. Suas energias são canalizadas nessa direção. Ocorre que com os anos se
aprende que nada se muda do dia para a noite. Deng Xiao Ping me disse que uma
diferença fundamental entre o Ocidente e o Oriente é que este sabe que o tempo
existe e o Ocidente não sabe.
Fukuyama revolucionou o pensamento mundial quando afirmou
que estamos no fim da história, com o fim das ideologias. O fenômeno que ele
detectou é o surgimento de uma geração sem causa e sem utopia. Por outro lado a
sociedade materialista e consumista está mergulhada no hedonismo pessoal, na
busca só de bens e não de valores. Isto mata Deus e os jovens ficam vulneráveis
às drogas, ao alcoolismo, ao niilismo.
A internet deu-lhes a possibilidade de exprimir suas idéias
e condutas a todo momento, sem limites. Este é o quadro e a paisagem.
Descendo ao fato real é a esquizofrenia que causa a todos a
vida nas grandes cidades, que, servindo de modelo, se derrama para as médias e
pequenas. Duas coisas são comuns a pobres e ricos e a todas as pessoas, qualquer
que seja sua classe, religião, cor, profissão: o tráfego nas cidades,
atropeladas de veículos que tomam conta de boa parte do tempo de vida de cada
um, todos os dias, nos engarrafamentos e ausência de um sistema viário que
suporte essa mobilidade urbana. Dentro de poucos anos as cidades brasileiras
estarão paradas. Mais do que o preço das passagens o inconformismo é com o
trânsito, a anarquia urbana. Outra coisa é a violência. Há uma pesquisa que nos
assusta: 78% dos brasileiros saem de casa com medo de serem assaltados ou
assassinados. Estas duas causas são comuns e unem as pessoas.
Pressões para solucionar esses problemas são justas e
democráticas. Como diz a presidente Dilma, tolerar a baderna, a anarquia, o
saque, o banditismo, a destruição do patrimônio público é intolerável. Isso
agrava os problemas: desorganiza a vida das cidades, exige, para recuperar os
bens públicos, recursos que já não existem e aumenta o medo, já que todos ficam
receosos de sair de casa, mesmo que desejem ir às passeatas, como temor da
baderna sem controle, aberta a todo tipo de violência.
Grupos de interessados políticos e até do crime organizado
se infiltraram no Brasil inteiro no desejo justo do povo, de lutar por melhor e
mais segura qualidade de vida. Ninguém pode ser inocente útil desses vândalos
que querem destruir um movimento que pode ajudar o país. A presidente Dilma foi
firme e assegurou ao povo brasileiro que não permitirá a violência e a bagunça.
É dever de todo governante garantir a integridade dos cidadãos e a paz pública.
Em tempo: e o nosso São João? Esqueceram o nosso São João?
Da Coluna do Sarney
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